Documentos internos descrevem “era da dominação absoluta” e sugerem que Shigeru Ohmori herdou a mesma estrutura centralizada que levou à saída de Masuda.
Continuando a lista de vazamentos que eu já havia noticiado aqui na Bonfire antes, novos documentos internos da Game Freak começaram a circular na internet, e entre eles surgem detalhes inéditos sobre os bastidores do estúdio e, principalmente, sobre o motivo que levou o famoso Junichi Masuda, um dos criadores e nomes mais influentes da história de Pokémon, a deixar de dirigir os jogos principais da série.
Os arquivos, que parecem vir do mesmo pacote de dados vazados em 2024 que eu mencionei antes, descrevem o período em que o Masuda estava no comando como “a era da dominação absoluta”. Segundo os documentos, ele concentrava praticamente todo o poder criativo e administrativo dentro da Game Freak, decidia o rumo dos projetos, controlava o planejamento de desenvolvimento, aprovava o design dos jogos e ainda era o principal rosto público da marca. Até a geração Black & White, que é a minha favorita, ninguém dentro do estúdio se atrevia a questionar as decisões do cara.

Mas toda essa “centralização” acabou pesando para o lado dele. Os relatórios vazados descrevem uma Game Freak “desequilibrada e fora de controle”, com casos de favoritismo, disputas internas e perda de foco no que realmente importava, que era a diversão. O design dos jogos teria se tornado subordinado às estratégias de marketing, o que começou a gerar atrito entre os veteranos do estúdio. Foi só durante o desenvolvimento do Pokémon X/Y que o Masuda teria se desentendido com Ken Sugimori, e a partir daí a empresa tomou a decisão de que ele não voltaria a dirigir os jogos da principais.
Depois dessa confusão o comando passou para o Shigeru Ohmori, que assumiu a direção a partir do Omega Ruby & Alpha Sapphire com ele seguindo à frente da série até hoje.
Mas a pegadinha é que os próprios documentos mostram que o Ohmori acabou herdando a mesma estrutura hierárquica concentrada do Masuda. Um dos trechos diz que “se isso continuar, haverá novamente centralização de autoridade, e a organização pode sair do controle”. Um relatório datado de 2024 cita o Ohmori como um “ex-diretor da Divisão 2”, o que indica que ele também pode ter deixado o cargo recentemente.