A Ubisoft adiou alguns de seus maiores jogos em desenvolvimento, títulos que nem chegaram a ser revelados publicamente, mas que já estavam sendo preparados como peças-chave do futuro da empresa. A justificativa é velha conhecida: mais tempo pra garantir a tal “qualidade”. Só que, dessa vez, faz sentido. Depois do fracasso de lançamentos como Skull and Bones, XDefiant e Avatar: Frontiers of Pandora, talvez o único caminho possível seja esse. Segurar.
O próprio Assassin’s Creed Shadows passou por isso. Foi adiado, ganhou tempo extra e voltou a aparecer com outra cara. E isso funcionou. A Ubisoft agora projeta crescimento só a partir de 2026, ou seja, os próximos quase dois anos vão ser de reestruturação. E tudo dá a entender que o foco vai estar nas três franquias mais fortes da deles: Assassin’s Creed, Far Cry e Rainbow Six.
Enquanto isso, o remake de Prince of Persia: The Sands of Time continua vivo. A Ubisoft confirmou que o jogo sai até março de 2026. E se tudo der certo, pode ser o tipo de acerto que a empresa precisa pra lembrar o público do que ela já foi. Afinal, foi o próprio Prince of Persia que abriu caminho para a criação do Assassin’s Creed, e ver esse clássico de volta com cuidado e respeito pode reacender a paixão dos jogadores pela empresa.

Outro ponto importante do relatório financeiro foi a criação de uma nova subsidiária da Ubisoft, que vai se dedicar só às três franquias principais. O investimento veio da Tencent, que colocou R$6,496 bilhões no projeto em troca de 25% da operação. E aí mora o problema, a a empresa chinesa quer reforçar o conteúdo single-player, mas também quer expandir o modelo de jogos como serviço e crescer no mobile, especialmente no mercado chinês, será que vem uma monetização mais agressiva por aí?
Enquanto a Ubisoft tropeça tentando entender o que o público quer, a Capcom tá voando. A empresa registrou oito anos seguidos de lucro recorde, apostando pesado em single-players completos, jogos de qualidade e relançamentos bem feitos. A diferença de postura entre as duas empresas é gritante. Uma parece perdida, tentando se adaptar a um mercado que ela mesma deixou escapar por entre os dedos, já a outra entendeu o que o público quer, e está conseguindo entregar.
A Ubisoft tem catálogo, tem marcas fortes e tem história. Mas vai precisar mais do que prometer “qualidade” pra convencer que aprendeu com os erros. A esperança é que o tempo extra sirva pra isso. Se não servir, aí não vai ser adiamento que resolva.