Quando o Leslie Benzies, que é um ex-produtor do GTA V e era uma das figuras centrais da Rockstar Games por mais de uma década anunciou que estava fundando seu próprio estúdio, a expectativa foi enorme. Ele fundou a Build a Rocket Boy em Edimburgo com a promessa de fazer jogos ambiciosos como GTA, sem depender de grandes publishers. E o MindsEye, que foi o primeiro projeto do estúdio, vinha sendo apresentado como uma experiência cinematográfica dentro do Everywhere, o tal “hub interativo” que o estúdio acredita ser o futuro dos games, e esse foi um dos motivos do game chamar a atenção desde o início.
O Everywhere é como se fosse um mundo virtual online gratuito onde você pode criar e jogar várias experiências feitas por outros jogadores, como se fosse um Roblox mais realista. Foi dentro desse mundo que o MindsEye foi criado, ele como um “jogo dentro do jogo” apenas para mostrar o que a plataforma conseguia fazer, mas acabou virando um jogo de ação completo e separado, com história própria e campanha linear. Ou seja, dá pra jogar o MindsEye sozinho, sem nem entrar no Everywhere, mas os dois estão conectados.
Mas bastaram algumas horas depois do lançamento pra essa expectativa virar frustração. O jogo saiu na última terça-feira e na Steam, já soma mais de 800 avaliações, das quais quase 500 são negativas.
A maioria das críticas falam de desempenho ruim, travamentos e uma inteligência artificial que parece inacabada. O jogo aparentemente está cheio de vídeos com bugs bizarros, NPCs travados e situações que quebram a experiência do jogador.
Com a recepção negativa tomando conta da narrativa em torno do game, o estúdio soltou um comunicado no Reddit agradecendo quem jogou no primeiro dia e prometendo melhorias. O estúdio disse que os requisitos mínimos estavam altos, mas que a equipe está “trabalhando incansavelmente” pra otimizar o jogo em PCs mais modestos e nos consoles, com base nas melhorias da Unreal Engine 5.6. O patch 3, que aparentemente deve começar a resolver parte desses problemas, vai ser detalhado até amanhã.
Só que o problema não foi apenas nos PCs. Jogadores do PlayStation 5 Pro, por exemplo, relataram que o jogo roda abaixo de 30fps em várias partes. “Rodar a 25fps no PS5 Pro é inaceitável, principalmente quando Spider-Man 2 roda com ray tracing acima de 60”, disse um jogador. Outro disse: “Deveriam ter adiado por mais dois ou três meses. As cutscenes e a história são ok, a cidade também. Mas a jogabilidade não tem brilho nenhum, e o desempenho nos consoles é um caos. E os NPCs, às vezes, viram um show de bugs.”
O clima já tava ruim antes mesmo do lançamento. Alguns canais no YouTube testaram o jogo no mês passado e não saíram muito empolgados. Nessa época, o co-CEO do estúdio, Mark Gerhard, apareceu no Discord oficial do jogo dizendo que as críticas negativas vinham de “gente 100% paga por alguém”. E ainda completou: “Não é difícil imaginar por quem.”
Um jogador respondeu na hora: “É surreal ver o co-CEO de um estúdio acusando outro de pagar pra derrubar o jogo.” Gerhard tentou amenizar dizendo depois que não tava falando de pessoas específicas, e sim de “bot farms” postando comentários e dislikes falsos.
Por enquanto, o estúdio promete atualizações e correções. Mas para quem estava esperando uma nova era pós-Rockstar, o MindsEye começou tropeçando e vai precisar correr muito atrás pra convencer de novo. O caminho pela frente não parece ser muito promissor.