Phil Spencer diz que reestruturação mira “crescimento estratégico”
A Microsoft confirmou mais uma rodada de demissões na divisão de jogos. Os cortes começaram a ser comunicados nesta quarta-feira e afetam funcionários nos Estados Unidos e na Europa, incluindo equipes da ZeniMax. Segundo o Seattle Times, até 4% dos funcionários de toda a Microsoft podem ser desligados, cerca de 9.100 pessoas.

Apesar de ter registrado quase 30 bilhões de dólares em lucro no último trimestre e uma capitalização de mercado acima dos 3 trilhões, a empresa justifica a decisão como parte de uma reorganização para focar em áreas estratégicas. Phil Spencer, chefe da divisão Xbox, disse que é preciso eliminar camadas de gestão e reduzir atividades em determinadas áreas para tornar a operação mais ágil e eficaz.
No e-mail enviado internamente, Spencer escreveu que:
“Hoje estamos comunicando decisões que vão impactar colegas em toda a nossa organização. Para posicionar a divisão de Games para um sucesso duradouro e permitir que a gente foque em áreas estratégicas de crescimento, vamos encerrar ou reduzir atividades em determinadas partes do negócio e seguir a diretriz da Microsoft de eliminar camadas de gestão para aumentar a agilidade e a eficácia. Por respeito às pessoas afetadas hoje, os detalhes específicos das notificações e de qualquer mudança organizacional serão comunicados pelos seus líderes de equipe nos próximos dias.
Reconheço que essas mudanças acontecem em um momento em que temos mais jogadores, mais jogos e mais horas de jogo do que nunca. Nossa plataforma, hardware e cronograma de lançamentos nunca estiveram tão fortes. O sucesso que estamos vendo agora é resultado de decisões difíceis tomadas anteriormente. Precisamos fazer escolhas agora para garantir o sucesso nos próximos anos, e parte essencial dessa estratégia é ter disciplina para priorizar as melhores oportunidades. Vamos preservar o que está dando certo e concentrar esforços nas áreas com maior potencial, enquanto cumprimos as expectativas que a empresa tem para o nosso setor. Esse foco é o que nos permitirá continuar entregando jogos e experiências excepcionais para os jogadores por muitas gerações.
Priorizar oportunidades é essencial, mas isso não diminui o peso deste momento. Simplesmente, não estaríamos onde estamos hoje sem o tempo, a energia e a criatividade das pessoas cujos cargos foram impactados. Essas decisões não refletem o talento, a criatividade ou a dedicação dos envolvidos. Nosso progresso não foi por acaso, ele é resultado de anos de trabalho dedicado das nossas equipes.
O RH está em contato direto com os funcionários afetados para oferecer os benefícios previstos nos planos de demissão (de acordo com as leis locais), incluindo pagamento, cobertura de saúde e apoio na busca por novas oportunidades. Os funcionários cujos cargos foram eliminados são incentivados a se candidatar a vagas abertas dentro da Microsoft Gaming, onde terão prioridade no processo de seleção.
Obrigado a todos que ajudaram a moldar nossa cultura, nossos produtos e nossa comunidade. Vamos seguir em frente com profundo respeito e gratidão por todos que fizeram parte dessa jornada.”

Enquanto isso, a Microsoft continua promovendo sua estratégia multiplataforma. A empresa lançou o portátil Xbox ROG Ally, em parceria com a Asus, que roda Windows e permite acesso a diversas lojas digitais. Sarah Bond, presidente da divisão Xbox, afirmou que esse modelo representa o futuro da marca.
Mas diante da escala de cortes e da recorrência dessas decisões, o discurso de crescimento começa a colidir com a realidade de quem está sendo deixado para trás. E fica cada vez mais difícil ignorar o contraste entre os lucros bilionários e o número de profissionais desligados que ajudaram a construir esse resultado.