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Mario Kart World não merece o posto de título de lançamento do Switch 2

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Visual bonito, novas manobras e boa trilha sonora não salvam um jogo que corta o que a franquia tem de melhor.

Mario Kart World chegou prometendo uma revolução, com mundo aberto, 24 jogadores, modo de eliminação, biomas conectados e novas mecânicas de movimento. E de fato, visualmente, é o jogo mais ambicioso que a série já teve. Os vídeos que comparam os gráficos do Mario Kart 8 Deluxe com o World são tendenciosos, muitos usam horários diferentes do dia nos jogos, o que distorce completamente a percepção. Visualmente, eu garanto: o World é mais polido. Ainda assim, não no nível que se espera de um título desse porte e, principalmente, desse preço. Sobre o preço, a gente fala mais pra frente.

Mas uma coisa eu posso garantir, a experiência real de corrida que sempre foi o coração da franquia perdeu espaço no caminho. Entre decisões mal implementadas, ausências estranhas e recursos intencionalmente cortados, o que deveria ser um salto geracional virou um casco vermelho na traseira na linha de chegada.

Eliminatória: a melhor ideia do jogo

O modo de eliminação, chamado Eliminatória, é disparado o ponto mais forte. Com 24 jogadores sendo eliminados a cada checkpoint, ele traz um ritmo novo, mais intenso e imprevisível. A tensão de saber que qualquer erro pode te tirar da corrida cria uma dinâmica diferente e é aqui que o jogo realmente mostra alguma evolução.

Gráficos e trilha sonora

O mapa é grande, interligado por biomas com transições suaves e trilha sonora que muda de acordo com o ambiente. Tudo roda a 60 FPS, mesmo com 24 jogadores na mesma partida. O nível de detalhe visual impressiona e mostra que o Switch 2 finalmente tem um Mario Kart à altura do hardware.

E falando nela, a trilha sonora do Mario Kart World é um dos pontos mais bem acertados do jogo. As músicas misturam jazz, samba, big band e releituras de temas clássicos da franquia, tudo adaptado dinamicamente ao ambiente, ao horário e até ao modo de jogo.

O resultado é uma experiência que realmente passa a sensação de estar em uma viagem, principalmente no Modo Livre(mundo aberto) com a música reagindo ao que acontece na tela.

Algumas faixas soam deslocadas em algumas pistas, e o volume podia ser mais ajustável, mas no geral, a trilha entrega um nível de produção que não se via desde os tempos mais inspirados da Nintendo. É talvez o elemento mais consistente e caprichado de todo o jogo.

Novas mecânicas com potencial desperdiçado

Dirigir na parede, resvalar e salto carregado são novidades que, na teoria, deveriam trazer mais liberdade de movimentação durante as corridas. Mas a execução ainda precisa de bastante ajuste. Um exemplo disso é o resvalar, quando o kart desliza por cima de tubos ou trilhos. Talvez você já tenha visto vídeos de jogadores usando essa mecânica com estilo, fazendo manobras aéreas em descidas, mas quase sempre isso acontece no mundo aberto. Durante as corridas mesmo, a mecânica mais atrapalha do que ajuda.

É fácil ativar ela sem querer, só por encostar em um canto com ferro enquanto tenta fazer drift. E uma vez no trilho, você perde o controle total do kart e acaba preso a uma rota fixa, muitas vezes mais lenta que o traçado normal. Sabe aquele atalhos incríveis que aparecem nos trailers? Pois é, quase todos eles são do mundo aberto, onde não tem competitividade, já que nas pistas eles praticamente não existem.

Cadê o 200cc?

Desde 2015, o modo 200cc virou parte da identidade da franquia. Ele não só traz mais velocidade, mas exige reflexo, técnica e domínio das curvas. Mas no Mario Kart World esse modo simplesmente não existe. A justificativa da Nintendo é que as pistas não foram feitas pra isso.

Downgrade de conteúdo

A customização dos karts desapareceu. Em vez de montar builds ajustando tração, aceleração ou drift, agora você escolhe veículos fechados, prontos e sem muita liberdade, são skins do mesmo Kart. As seções com anti-gravidade e os trechos subaquáticos também ficaram de fora.

O modo Batalha perdeu força e parece feito às pressas, sem arenas dedicadas ou variedade. O Modo Livre, que tinha tudo pra ser um diferencial, veio sem multiplayer local(minha esposa ficou frustrada) e com recompensas rasas demais para justificar o tempo investido. E até a interface de seleção tanto de personagem quanto de kart ficou mais “poluída” e “confusa” e menos polida que no MK8 Deluxe, que apesar de ter mais opções, era mais organizado e fácil de encontrar os personagens.

Desbalanceamento nas corridas

O design das pistas traz muitas retas longas e trechos vazios. Nessas áreas, quem está atrás costuma receber os melhores itens (como cogumelos dourados ou raio), enquanto quem lidera pega bananas, moedas ou com muita sorte um casco verde. E como não há curvas, nem obstáculos ou decisões estratégicas, quem vem de trás simplesmente passa, sem que o jogador da frente possa fazer nada. O mérito de correr bem é ignorado por completo.

Veredito

Mario Kart World é visualmente bonito, mas falha justamente onde mais importa: na gameplay. A ambição de inovar com mundo aberto, novas mecânicas e modos acabou atropelada por decisões de design mal implementadas, cortes de conteúdo e a perda da identidade das corridas tradicionais. O jogo até acerta na trilha sonora e na proposta do modo Eliminatória, mas compromete a experiência de quem busca a essência do Mario Kart.

Mario Kart World não só não vale o que cobra, como também não merece o posto de jogo de lançamento do Switch 2. O game parece mais uma tentativa forçada de reinvenção do que uma verdadeira evolução da série.

Nota: 🔥🔥🔥🧯🧯

Idealizador e Produtor de Conteúdo
Olá, eu sou o Johann, mas pode me chamar de Heroutz. Sou um criador de histórias apaixonado por games, especialmente Pokémon, Zelda e RPGs de turno. Essa paixão pelos games é uma herança de família, que recebi do meu pai e hoje compartilho com a minha filha. Acredito que os jogos contam as melhores histórias da nossa geração e, quando não estou pensando em alguma teoria, provavelmente estou em Destiny 2, questionando as decisões da Bungie.

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