Quando eu penso no Indiana Jones, eu penso na minha mãe. Era com ela que eu sentava pra ver os filmes, ainda pequeno em Recife, sem nem entender direito o que era um artefato ou uma Arca da Aliança. Mas eu sabia que aquilo era mágico. O Dr. Jones foi parte da minha infância, da minha vida. Então quando O Grande Círculo foi anunciado, eu sabia que não ia ser só mais um jogo pra mim, ainda mais com a fidelidade nos traços do Indy.
A direção de arte é impecável, com gráficos que acertam no tom: bonitos, mas sem cair na armadilha do realismo genérico. Cada cenário respira a identidade dos filmes, seja nas ruínas esquecidas, nos desertos ensolarados ou nas vielas apertadas. O trabalho das câmeras nas cutscenes é digno de aplauso. Em vez de parecer um jogo tentando imitar um filme, O Grande Círculo parece um filme tentando contar sua história com a liberdade de um jogo.

A história também funciona dentro do que ela se propõe. É o clássico Indiana Jones: artefatos perdidos, sociedades secretas, conspirações globais e nazistas para socar no caminho. Não reinventa nada, e ainda bem, porque a essência sempre foi essa: aventura descomplicada e cheia de charme.
O combate, em especial, decepciona. Travado, repetitivo e sem o peso que uma luta de verdade deveria ter, ele acaba virando um fardo. Em vez de empolgar e colocar o jogador no meio da ação, como nos filmes, lutar vira mais uma obrigação mecânica do que uma experiência divertida. É o tipo de detalhe que pesa, principalmente num jogo onde a aventura e a ação deveriam andar de mãos dadas o tempo todo.
Outro ponto que incomoda é a sensação de que certos personagens foram inseridos mais para atender expectativas externas do que para servir à história. Soa quase como um lembrete constante de que o jogo precisa “marcar presença”, quando o foco deveria ser apenas contar uma boa história de aventura.

Tecnicamente, O Grande Círculo é competente, mas não livre de falhas. Existem momentos de queda de frames, algumas animações durante o combate que soam artificiais e uma IA de inimigos que poderia ser bem mais esperta. Nada que destrua a experiência, mas num título com a responsabilidade de carregar o nome Indiana Jones, esses deslizes ficam mais evidentes.
Uma coisa que me marcou jogando foi saber que o rosto do Harrison Ford, o Indiana que a gente conhece e cresceu vendo, agora tá eternizado nos videogames. Em uma época onde nossos grandes ídolos do cinema já começam a partir, poder ver o Indy de novo, jovem, vivo, correndo atrás de tesouros e batendo em nazistas, foi emocionante.

No fim, Indiana Jones e o grande círculo é uma homenagem sincera. Ele respeita a essência do personagem e entrega momentos que, pra quem cresceu sonhando em encontrar artefatos antigos, ainda conseguem emocionar. Mas é também um lembrete de que, às vezes, respeitar a história não é o suficiente, é preciso cuidar também da experiência.


Se você é fã do Dr. Jones, como eu, vai encontrar aqui pedaços dessa magia. Só não espere uma aventura perfeita. Nem todo salto é certeiro, nem todo soco é preciso. Mas a alma do Indiana Jones ainda tá lá, e às vezes, isso é o que mais importa.
🔥🔥🔥🔥🧯 (4/5)





