Empresa vai comandar Assassin’s Creed, Far Cry e Rainbow Six de forma autônoma; nomeação reacende debate sobre nepotismo na indústria.
A Ubisoft anunciou os dois co-CEOs da sua nova subsidiária, criada após um investimento de €1,16 bilhão da Tencent no início deste ano. Entre os nomes está Charlie Guillemot, filho do CEO da Ubisoft, Yves Guillemot. A nova empresa será responsável por supervisionar as três maiores franquias da companhia: Assassin’s Creed, Far Cry e Rainbow Six.

Ainda sem nome público, a subsidiária atuará de forma autônoma em relação à Ubisoft principal, com foco exclusivo na estratégia, gestão e desenvolvimento dessas propriedades intelectuais. A Tencent, embora parceira no projeto, terá apenas uma participação minoritária, enquanto o controle total permanece com a Ubisoft.
Charlie Guillemot, que já havia liderado o estúdio móvel Owlient e mais tarde cofundou a startup de Web3 Unagi, retornou à Ubisoft no início deste ano. Ele dividirá a liderança com Christophe Derennes, veterano de 35 anos na empresa, ex-diretor do estúdio de Montreal e atual diretor-geral da Ubisoft na América do Norte.
A Ubisoft afirmou que a nova liderança terá a missão de “definir a estratégia e visão” das três marcas principais e “criar as condições ideais para que as equipes operem no mais alto nível”. Em comunicado, a empresa disse que os dois executivos têm “experiências complementares”, “conhecimento profundo do ecossistema Ubisoft” e uma “cultura de inovação compartilhada”.
A nomeação de Charlie reacendeu o debate sobre nepotismo na indústria, especialmente por ele ser filho direto do CEO global da empresa. Em entrevista à Variety, ele respondeu diretamente às críticas:
“Gostaria de abordar essa pergunta diretamente, se puder. Entendo completamente de onde ela vem e quero ser claro. Sim, sou filho do Yves. Isso não é algo que escondo. Mas minha nomeação não é apenas por laços familiares; é sobre o que a Ubisoft precisa neste momento.”
“Passei a última década ganhando experiência dentro e fora da Ubisoft, liderando equipes, gerenciando marcas e enfrentando mudanças em uma indústria em rápida evolução. Também tomei a decisão consciente de sair quando fazia sentido, para aprender e crescer em outro lugar.”
“O que importa agora não é o meu nome, e sim o trabalho que vem pela frente. A Ubisoft está em um momento decisivo. O que esperam de mim é que eu ajude a impulsionar a empresa trazendo energia, foco e aproveitando a incrível experiência que já existe nas equipes.”
A criação da subsidiária e a movimentação de executivos mostram claramente uma tentativa da Ubisoft de reorganizar seu núcleo criativo e gerencial, especialmente diante dos desafios enfrentados nos últimos anos, como adiamentos frequentes, cancelamentos de projetos e críticas à repetição das fórmulas de suas franquias.
Ainda sem nome definido e sem cronograma público, a nova divisão passa a ser o braço mais estratégico da Ubisoft, e o primeiro grande teste para Charlie Guillemot em uma função de alto escalão dentro da empresa fundada por sua própria família.