Destaque Notícias Reviews

Ender Magnolia: Bloom in the Mist — um metroidvania com M maiúsculo, e a melhor sequência de um jogo que já vi!

Metroidvania é meu estilo de jogo favorito. Sou apaixonado pela estética, jogabilidade, músicas e principalmente pelos segredos que esse tipo de game esconde desde que joguei Symphony of the Night lá atrás, no longínquo ano de 2001. Desde então, joguei muitos jogos do gênero e alguns estou devendo até hoje (desculpa, Hollow Knight).

Felizmente, meu gosto voltou minha atenção para Ender Lilies, que estava de graça na PSN há uns meses. E depois de terminar um dos melhores jogos que pude experimentar na vida, não tinha como não ficar ansioso para jogar sua sequência. Sabe aquela frase “Nada é tão bom que não possa melhorar”? Então, Ender Magnolia: Bloom in the Mist assina embaixo…

Ender Magnolia é um Metroidvania desenvolvido pelos estúdios Adglobe e Live Wire, e publicado pela Binary Haze Interactive. O game é a sequência direta de Ender Lilies e se passa décadas após os acontecimentos do primeiro título. Nele, assumimos o papel de Lilac, uma doce garotinha que acorda em um cenário pós-apocalíptico sem memória do que aconteceu.

A aventura é ambientada no País dos Vapores, que foi outrora uma poderosa nação regida pela magia, onde humanos e homúnculos — seres artificiais construídos magicamente — viviam em uma estrutura social bem definida e estruturada. No entanto, misteriosos vapores começaram a emergir do solo, enlouquecendo esses constructos e colocando-os contra os humanos, causando a destruição e ruína do país. Nossa missão é descobrir o que aconteceu enquanto desvendamos mais sobre o misterioso passado de Lilac e ajudamos o maior número possível tanto de pessoas quanto de homúnculos.

Durante essa jornada, que pode levar tranquilamente de 25 a 30 horas de jogatina, passamos por cenários incríveis e bem caprichados, ao mesmo tempo em que somos agraciados com uma gameplay de extrema qualidade, embalada por uma trilha sonora espetacular.

O jogo é um presente para os amantes do gênero, e é a primeira vez em que eu vejo uma sequência realmente aprimorar, refinar e melhorar tudo o que existia no jogo anterior.

Eu não poderia começar falando de Ender Magnolia sem citar sua qualidade artística impecável. O jogo possui um visual bem único e característico, fácil de associar com o estúdio por trás dele. Ele é muito bonito e apresenta para a gente cenários cativantes desenhados à mão. Durante a minha jornada, era praticamente impossível eu passar por um ponto de descanso e não fazer uma pausa para capturar a tela, ou pelo menos passar alguns minutos admirando todo o detalhe e capricho daquele ambiente.

Eu me surpreendi positivamente com a variedade de inimigos e como cada um deles tem suas particularidades e designs criativos e diferenciados. E como estamos falando de arte, não tem como deixar de citar o incrível trabalho da banda Mili na composição das músicas. Quem conhece e gosta de Metroidvania sabe da importância da trilha sonora nesses jogos — muitas vezes mais memorável que a própria gameplay. E em Ender Magnolia, somos embalados por melodias de piano que transmitem exatamente o sentimento que estamos vendo em tela. Às vezes é uma composição mais acelerada, durante as lutas contra os chefes, e outras vezes é uma música mais lenta, reconfortante e até melancólica, que fica retumbando na nossa cabeça e dá vontade de cantarolar junto.

Quanto à jogabilidade, é como eu falei no começo: Ender Magnolia refina e aprimora tudo o que já era bom no jogo anterior, e faz isso com maestria.

O combate é fluido, dinâmico e bem satisfatório. Podemos usar várias habilidades ao mesmo tempo sem comprometer a resposta de Lilac aos comandos. É um combate clássico de Metroidvania, sem puxar sardinha para Souls, como tem sido a tendência de grande parte dos jogos do gênero ultimamente. Até existe uma dificuldade que às vezes lembra Souls, mas ela pode ser ajustada nos pontos de descanso e inclusive pode ser totalmente personalizada, deixando a experiência de jogar Ender Magnolia acessível até mesmo para quem nunca jogou nada parecido. E aí, fica a critério do jogador configurar sua experiência — mais voltada para a história, para o combate ou simplesmente deixá-la equilibrada.

Os inimigos são os mais diversos possíveis, com os mais variados tipos de comportamento. Tem sido comum ouvirmos reclamações de jogos que pecam por repetir inimigos ou por oferecer pouca variedade. Mas aqui isso não acontece. As bossfights são dignas de nota, principalmente as que fazem parte da história. E, ao final de cada luta, temos uma animação que nos revela um pouco mais do passado da nossa personagem e da lore.

Eu destaco principalmente a luta final, que eu demorei pelo menos umas 3 ou 4 horas para vencer, e foi uma das melhores experiências em bossfights que já tive nos videogames. Ender Magnolia oferece dois finais, e o comportamento do boss final vai ser bem diferente dependendo do seu progresso no jogo.

Nós temos muitas habilidades à nossa disposição, e logo nas primeiras horas já temos acesso ao pulo duplo e à esquiva — habilidades fundamentais para a exploração do mapa. As habilidades vão sendo desbloqueadas conforme avançamos na campanha e conforme o grupo de Lilac vai aumentando. Contamos com 30 habilidades, que combinadas oferecem inúmeras formas de jogar, seja com habilidades de curta ou de longa distância. Elas são divididas por categorias, e podemos equipar até 4 habilidades de uma vez.

Existem habilidades principais, como as da Nola; habilidades de cooldown, que, como o nome já diz, precisam de alguns segundos para serem usadas novamente; habilidades automáticas, que ficam ativas até serem desativadas; e habilidades de repetição, que podem ser usadas à vontade, como se você estivesse jogando Diablo. Os tiros do Jorvan são exemplos de habilidades de repetição e são facilmente as minhas favoritas por serem versáteis. A ideia é justamente escolher o conjunto que mais combina com seu gameplay e mudar conforme a exigência do desafio a seguir. Isso dá uma liberdade absurda para nós, jogadores, e nos permite explorar combinações espetaculares!

Existem ainda as habilidades especiais, chamadas Mistérios de Sintonia, representadas por barras verticais que ficam próximas aos losangos das habilidades de ativação. Elas são obtidas um pouco mais para frente no jogo e são muito poderosas, especialmente contra chefes!

O jogo conta também com um sistema de relíquias, que adicionam vantagens no combate e ajudam bastante na exploração. Como no jogo anterior, são itens que aumentam o dano, melhoram o pulo, aumentam o ganho de XP e por aí vai. Existe uma variedade enorme de relíquias e elas podem ser equipadas de acordo com o número de espaços disponíveis no seu personagem.

E uma novidade que foi adicionada em relação ao primeiro jogo foram os equipamentos que aumentam os atributos básicos — alguns deles até adicionam efeitos únicos. Esses equipamentos são escudos e anéis que melhoram a vida, defesa, ataque e o poder de cura de Lilac.

Por fim, existem também os itens de apoio, que podem aumentar os frascos de cura, adicionar mais uma barra de especial ou então garantir outros efeitos únicos, como melhor taxa de recuperação de vida, por exemplo.

Um outro ponto forte de Ender Magnolia é sua exploração, facilitada pelo mapa detalhado e principalmente por dar aos jogadores habilidades fundamentais de locomoção logo no começo do jogo, como a esquiva, o pulo duplo e a queridinha viagem rápida.

O mapa, assim como no jogo anterior, usa retângulos para representar as regiões. E, uma vez totalmente explorados, esses retângulos são preenchidos pela cor azul. Isso é uma das coisas que eu mais gostei em Ender Lilies, e que bom que eles repetiram aqui. É uma simples feature, mas que todo jogo do gênero deveria ter. Só quem joga Metroidvanias sabe a angústia que é ter deixado algum item ou passagem secreta para trás e não completar a área.

Uma outra melhoria é que, dessa vez, as regiões são bem divididas e conseguimos navegar sem problemas entre elas. É fácil identificar onde estamos e para onde queremos ir. Além disso, uma vez descobertos, os pontos de interesse ficam marcados no mapa até serem coletados. As passagens secretas também ficam marcadas no mapa depois de descobertas. Tudo está descrito de forma bem didática na legenda do mapa, fazendo com que esse seja um dos melhores sistemas de mapas que eu já me deparei — tão bom quanto o mapa de Elden Ring, na minha opinião.

Ender Magnolia está disponível para todas as plataformas por preços justos e acessíveis. E, se você é um amante do gênero, não pode deixar passar esse game que é simplesmente brilhante em tudo o que faz e extremamente competente. É mais um grande título fruto de estúdios independentes apaixonados pelo que fazem e que sabem corresponder às expectativas do seu público.

Mesmo depois de platinar, eu continuei jogando por algumas horas, porque não queria me despedir. E, para quem deseja repetir a dose ou ficar no game por mais tempo, Ender Magnolia ainda oferece NG+ e um Modo Boss Rush. Não é exagero nenhum da minha parte falar que Ender Magnolia é um dos melhores jogos que já joguei na vida!

Nota: 🔥🔥🔥🔥🧯

Colaborador
Sou um cara apaixonado por videogames desde que me entendo por gente e jogo desde os 6 anos de idade, quando ganhei meu Master System. O gênero que mais me fascina é o dos RPGs, principalmente os soulslikes e os metroidvanias. Gosto dos desafios implacáveis, das histórias cativantes e das músicas arrebatadoras, e procuro fazer tudo o que um game tem a oferecer, mas sem esquecer o principal motivo que me mantém firme no controle até hoje: a diversão!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *