DOOM foi o primeiro jogo que joguei na vida, em 1995. Lembro que eu e meu pai jogávamos em um Compaq Presario, usando disquetes e abrindo o game pela tela preta do DOS. Então não é pouca coisa dizer que The Dark Ages me fez sentir parte daquela época de novo.

Disquetes de DOOM, lançado em 1993
O novo jogo da id Software é uma prequela do DOOM de 2016, mas também é uma repaginada completa no tom da franquia. Ele deixa de lado a velocidade acrobática, que, como diz meu irmão, parecia uma dança com os demônios em Doom Eternal, e traz um Slayer mais pesado, brutal, com armadura medieval e um escudo-serra que parece ter saído direto dos Jogos Mortais. Hugo Martin, diretor criativo, disse que o objetivo era dar um “peso cavalar” ao combate. E eles conseguiram. Você sente cada impacto, cada corte, cada tiro como se estivesse preso dentro de uma armadura de 300 quilos. Até pular de grandes alturas com o Slayer é satisfatório, ele tem peso, tem presença e faz você acreditar que os demônios temem ele.
A ambientação medieval é mais do que só estética. A id Software se inspirou em 300, Batman: Ano Um e Cavaleiro das Trevas pra criar um Slayer mais mitológico, mais monstruoso. E isso aparece também no jeito como o jogo te coloca no centro da guerra entre Argent D’Nur e o Inferno, numa escala quase épica. Mas mesmo com toda essa pegada medieval, o sci-fi continua lá. Seja nos mechas colossais que lutam no campo de batalha ou no dragão biomecânico que o próprio Slayer monta, a mistura funciona bem. O DOOM continua sendo o DOOM, mas agora ele tem um dragão.

DOOM: The Dark Ages
Dessa vez, o Slayer não é só uma força imparável. Ele é parte de uma sociedade. Um guerreiro que virou uma arma viva e um servo dos Maykrs, aprisionado por um dispositivo que suprime sua vontade. A narrativa traz nomes importantes como Kreed Maykr, que controla o Slayer por interesse político, Thira, líder dos Sentinelas Noturnos e peça-chave da rebelião, e o Príncipe Ahzrak, o novo arquidemônio que lidera as forças do Inferno com uma estratégia mais cruel e metódica do que qualquer coisa que vimos nos jogos anteriores.

O vilão Ahzrak em DOOM: The Dark Ages
E sim, pela primeira vez, a história tem espaço de verdade. O jogo tem mais cutscenes do que qualquer outro título da franquia e isso foi não foi introduzido apenas para enfeite. Os devs disseram que isso foi uma resposta direta ao interesse dos fãs pela lore. E honestamente? Funcionou DEMAIS. Elas não cortam o ritmo. Pelo contrário, elas dão mais peso ao que você está fazendo. Não é só correr e atirar, você sente que está liderando uma resistência, que está se libertando do controle, sente que está fazendo os maiores demônios tremerem de medo.
Tecnicamente, o jogo é um colosso. A nova engine da id, a Tech 8, entrega cenários destrutíveis, luz dinâmica e uma fidelidade absurda nos detalhes, e faz tudo isso sem abrir mão da fluidez que a franquia sempre entrega. E quando você controla um mecha gigante só pra destruir um mapa inteiro, não porque precisa, mas porque é divertido, a coisa fica ainda mais especial. A trilha sonora continua naquele metal absurdo, mas dessa vez vem com corais sombrios e instrumentos medievais, tudo combinando com a ambientação do game.

Mecha em DOOM: The Dark Ages
E aí vem o combate. Meu Deus, o combate. O escudo não é só defesa, ele serve pra parry, pra abrir caminho, pra esmagar. A Estaca Empaladora atravessa inimigos como manteiga, e a Super Escopeta continua sendo a cereja no bolo. Os inimigos vêm em ondas, com novos tipos que te obrigam a mudar de estratégia o tempo todo. O ritmo é tão viciante que me fez jogar direto na dificuldade mais alta, e eu não consegui parar.

Super Escopeta em DOOM: The Dark Ages
Outra coisa que me impressionou foram os mapas que são enormes, cheios de segredos, áreas escondidas e caminhos alternativos que te fazem querer explorar tudo. Cada canto pode esconder uma estátua de lobo que, quando destruída, libera recursos como rubis, ouro ou wraithstones, que são usados para melhorar as suas armas nos Santuários de Sentinela. A progressão acontece de forma natural. Você começa com a Escopeta de Caça e vai desbloqueando novas armas conforme avança. Cada uma delas vem com seus próprios desafios de maestria, que incentivam você a dominar o arsenal de verdade. Tudo que você encontra tem um propósito, e isso faz cada combate e descoberta valerem a pena.
DOOM: The Dark Ages é o tipo de jogo que foi feito por gente que ama o que tá fazendo. É violento, pesado, estiloso. E mesmo com toda a brutalidade, sabe quando desacelerar. Tem momentos de silêncio, de contemplação. E perto do final, tem uma cutscene que vai te deixar com tanta raiva que tudo o que você vai querer é limpar o inferno inteiro com as próprias mãos.
Não é só o melhor DOOM em muito tempo. É um dos melhores FPS da geração.
🔥🔥🔥🔥🔥 (5/5)
DOOM: The Dark Ages estará disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.