O universo de Destiny 2 já passou por altos e baixos, mas parece que, ultimamente, as coisas têm sido mais complicadas do que o necessário. O lançamento do Episódio Retorno tenta dar continuidade à saga após a derrota da Testemunha, mas o que deveria ser um ponto de virada para o jogo acaba tropeçando em escolhas narrativas questionáveis e conteúdos reciclados.
Quando tudo começa a parecer fora de lugar:
Destiny sempre teve histórias ambiciosas, mas o Episódio Retorno escancara um problema que vem incomodando jogadores há tempos: a tentativa de transformar vilões em “vítimas incompreendidas” que nem sempre funciona. Vamos pegar um exemplo: a Eramis, líder dos Decaídos da Casa da Salvação. Ela foi presa e mencionou que a Vanguarda enviou uma terapeuta para ela, o que teria aberto feridas emocionais. Sim, isso aconteceu, acredite ou não.
É difícil levar a sério um momento como esse quando consideramos que estamos falando de uma personagem que liderou ataques brutais contra a humanidade.
Outro ponto que quebra a imersão é o diálogo entre o Corvo e o Fikrul, ainda no Ato 1, em que o Corvo diz ao Fikrul que ele pode tentar ser alguém melhor. De repente, até os Desprezados, que são zumbis assassinos que aterrorizam os jogadores desde a expansão Renegados, são retratados como “além da violência”, praticamente vítimas dos Guardiões. Fica claro que há uma desconexão entre a profundidade que os roteiristas tentam alcançar e o tom do universo de Destiny, que deveria focar no terror espacial e nas batalhas épicas.

Os acertos do Episódio Retorno:
Apesar das críticas, é justo dizer que o Episódio Retorno tem seus bons momentos. A introdução da temática de vampiros trouxe cenários sombrios e bem trabalhados. Além disso, a conexão feita entre o Eco da Maya Sundaresh e o Eco dos Decaídos foi bastante interessante, já que o primeiro controla a radiolária dos Vex, e o segundo pode modificar o Éter dos Eliksni/Decaídos. Esse detalhe agradou os fãs mais atentos à lore.
Outro ponto positivo é o fechamento dos arcos de personagens importantes, como Eramis, Mithrax e Variks. Ainda que a execução não tenha sido perfeita, é raro ver arcos sendo encerrados em Destiny, e isso mostra que a Bungie ao menos tenta levar alguns personagens além do ponto em que estavam. E, claro, não dá para ignorar o momento em que o ELMO é retirado de Europa e levado para reparos. Para muitos jogadores, isso foi um motivo legítimo de comemoração, considerando que, há anos, quase todas as temporadas tinham uma conexão direta com ele.

O guardião perdeu relevância?
Uma crítica recorrente entre os jogadores é a sensação de que o Guardião, que antes era o centro das grandes batalhas, se tornou um espectador passivo. O ápice disso é o Corvo libertando a Eramis enquanto o jogador apenas assiste, sem qualquer envolvimento.
Essa falta de protagonismo mina a conexão do jogador com o universo do jogo. E isso não é só percepção: os números também refletem o descontentamento. Segundo dados da Steam, Destiny 2 atingiu recentemente seu menor número de jogadores diários, com apenas 10 mil pessoas conectadas. Desde o lançamento da expansão Forma Final, o game perdeu 90% de seus jogadores ativos – um dado preocupante para uma franquia desse porte.
Um outro problema crônico de Destiny 2 é o loop da gameplay que já não surpreende. Missões repetitivas, mecânicas pouco inovadoras e recompensas desinteressantes desmotivam até os jogadores mais dedicados. A raid recente, por exemplo, dividiu opiniões. Embora tenha agradado aos jogadores hardcore, foi criticada pela comunidade casual por sua dificuldade e recompensas pouco atrativas.
A prática de reciclar conteúdo antigo também não ajuda. O Episódio Retorno trouxe um mapa do Crisol de 2015, remendado com uma atividade gratuita, e cobrou o jogador por isso, aliás, cobrou caro. Para um jogo que não é exatamente free-to-play, mas sim free-to-try, esse modelo de negócios começa a parecer cada vez mais insustentável.

Eyes up, Guardian:
Destiny 2 ainda tem espaço para grandes histórias, mas precisa voltar a ouvir sua comunidade e focar no que realmente fazia o game ser um dos melhores do mercado: coerência narrativa, recompensas significativas e uma gameplay que faça o jogador se sentir importante. O Episódio Retorno é melhor que o Episódio Ecos, mas isso não diz muito, já que Ecos foi o pior conteúdo que Destiny já viu em termos de lore. Ainda assim, o Episódio Retorno continua sendo um dos conteúdos mais fracos que a Bungie já produziu, e os números falam por si. Será que o Episódio Heresia, com a Colmeia e Savathûn, consegue resgatar o que tornou Destiny tão especial? O jeito é esperar para ver.
NOTA 6 DE 10
Fiquem Firmes na Luz!