Se alguém te recomendasse um jogo onde sua proposta, inicialmente seria apenas entregar pacotes, você teria vontade jogá-lo? Se a sua resposta for não, foi exatamente o que eu respondi quando fui apresentado ao jogo e que muito tempo depois veio a se tornar um dos meus jogos favoritos.
Death Stranding foi lançado em 8 de novembro de 2019, trazendo consigo um dos maiores nomes na indústria dos games, Hideo Kojima, trouxe uma proposta inusitada em sua construção e mecânica principal. Diferente de outros jogos em que você é apresentado à um mundo extremamente rico visualmente, com combates frenéticos e companheiros que irão te ajudar ao longo de toda a jornada, em DS, você está na pele de Sam Porter Bridges e logo de cara se depara com um mundo calmo, limpo e extremamente solitário.

Solidão essa que perdura por todo a história, uma vez que todas as pessoas vivem em bunkers espalhados pela América, e é para isso que existem os portadores, ou entregadores, como preferir.
Pessoas vivendo trancadas e outras trabalhando como entregadores servindo como pilar para a sobrevivência… Isso te lembra algo? Pois bem, passamos por uma situação semelhante durante a pandemia do COVID-19, que acabou acontecendo junto ao lançamento do Death Stranding, o que torna o jogo mais especial para algumas pessoas, uma vez que a experiência que passamos controlando o SAM, conseguimos sentir na pele o que Kojima nos apresentou, mesmo em escala menor.

O início de nossa jornada junto ao Sam é marcada com a até então presidente dos Estados Unidos e mãe de Sam, que em seu último suspiro encarrega Sam com o trabalho mais importante da história, conectar novamente todo o país à rede quiral.
De uma forma mais rápida explicando, a rede quiral funciona como a nossa internet, e nosso dever é conectar todos os bankers para expandir a rede e assim permitindo a transmissão instantânea de dados entre si.
Mesmo com nosso objetivo principal definido, vamos à caminhada em si, e lembre-se que acima de tudo somos entregadores, então levaremos bastante tempo indo do ponto A ao ponto B, do B ao ponto C, do C ao A, durante toda a história. Um passo de cada vez, na maior parte no inicio tudo isso a pé, mas logo logo liberamos veículos como triciclos e caminhonetes, assim como outros acessórios para nos ajudar a carregar as entregas.
Tendo em mente que é um jogo de entregas, a gameplay é lenta, mais cadenciada, tudo acontece aos poucos, somos entregadores e não soldados hiper treinados, então por mais que tenha a possibilidade de combate e uso de armas, não o forte do Sam, mas podemos escolher a maneira que passaremos determinados objetivos, assim como escolher a forma de como vamos entregar nossos pacotes, espelhando tirolesas, robôs assistentes e etc.

Um dos pontos que mais me agradou no jogo, é justamente essa sensação de estar sozinho no mundo e ao mesmo tempo não, pois podemos interagir, melhorar e utilizar construções de outros jogadores, é como um co-op singleplayer.
Assim como as construções, o mesmo vale para os veículos, pois temos uma garagem compartilhada online, se estiver em qualquer lugar que tenha abrigo, podemos apenas escolher um veículo que está guardado ali e retirá-lo, simples assim.

Conforme expandimos a rede quiral, nos conectamos não só a outros portadores (jogadores), assim tendo acesso a cada vez mais construções que irão nos ajudar a seguir em frente mas também à NPCs que nos darão melhorias e abrigos. Lembra que disse que todos estão vivendo em bunkers isolados uns dos outros? Então, nosso trabalho ajuda eles a sobreviverem, e ficam gratos a você por tudo, porque entendem que sem o entregador ali, o mundo estaria parado, e a gente acaba criando um vínculo verdadeiro com eles.
Diferente de outros jogos, que sentimos que nossas ações não causam impacto nenhum na atmosfera do jogo (um exemplo disso é o Destiny 2, em que chegamos a matar até deuses, mas o jogo trata isso como não fosse nada). Aqui, uma simples entrega te faz se sentir importante para aquele NPC, onde ele começa a conversar com você ativamente, enviando e-mails e contando o que vem acontecendo com ele, e isso é incrível porque você acaba realmente se apegando e se sente imerso no universo.


Sobre história como um todo, por mais ela seja entregue um pouco fragmentada, quando você entende ela, tudo se encaixa, tudo faz sentido. Como eu disse, o jogo é lento, mas quando você se integra à aquele mundo, não parece. Chegando aos últimos capítulos, nos aprofundamos no background de cada personagem, sem exceção, conhecendo o passado e presente e nos apegando ainda mais aos nossos companheiros, e é aqui que o jogo mais se destaca na minha opinião e te entrega a maior carga de todo o jogo, a carga emocional (entendeu o que eu fiz aqui né?).
Carga essa, que é entregue no background de todos os personagens importantes, tudo no seu momento, com calma e bastante atenção que até perdi as contas de quantas vezes chorei enquanto conhecia a história deles. O fim do jogo é uma extrema montanha russa de sentimentos, a cada capítulo, a cada personagem, a cada lição de vida que vai nos passando.
Lição essa, que é, acima de tudo, sobre humanidade, e o mais importante, conexões.

Então se você ignorou Death Stranding por ser “simulador de correios”, dê mais uma chance e esteja pronto para esse universo, pois vai te surpreender. Jogue, mas jogue realmente com vontade.
É uma obra prima, obrigado Kojima.
Nota: 🔥🔥🔥🔥🧯
O extintor ficou por conta da rejogabilidade, a experiência é boa, mas não chama de volta.
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