Chefe da Netflix diz que crianças não sonham mais com PlayStation 6

O chefe de games da Netflix, Alain Tascan, acredita que os consoles não são mais o futuro da indústria. Em entrevista ao The Game Business, ele afirmou que a nova geração está mais interessada em interações digitais rápidas e acessíveis em qualquer tela, e não em esperar por um novo PlayStation ou Xbox.

“Quando pensamos em console, imaginamos um futuro onde a plataforma é agnóstica”, disse. “Olhe para a geração mais jovem. Será que crianças de oito ou dez anos estão sonhando com um PlayStation 6? Eu não tenho certeza. Elas querem interagir com qualquer tela digital, onde quer que estejam — até dentro do carro.”

Segundo Tascan, o modelo tradicional, focado em gráficos de última geração e controle físico, está ficando ultrapassado. E insistir nesse formato pode limitar o alcance dos jogos.

A fala reflete o foco atual da Netflix, que aposta em experiências mobile e multiplataforma para atrair o público. Ainda assim, a trajetória da empresa no setor tem sido marcada por decisões inconsistentes. Em 2023, a Netflix encerrou o Team Blue, seu estúdio AAA, apenas um ano após montar uma equipe de peso com nomes como Chacko Sonny (Overwatch), Joseph Staten (Halo) e Raf Grassetti (God of War). Todos deixaram a empresa depois disso.

Pouco tempo depois, a empresa também retirou quase todos os seus especiais interativos do catálogo. Dos 24 lançados desde 2017, só quatro continuavam disponíveis até o fim do ano.

E não parou aí. Em fevereiro de 2024, surgiram relatos de cortes na equipe do Night School Studio, responsável por Oxenfree, o primeiro estúdio de games adquirido pela Netflix.

Mesmo com os tropeços, a empresa segue firme na ideia de integrar jogos ao seu ecossistema. Lançou Squid Game: Unleashed no mobile em dezembro e garantiu a série WWE 2K com exclusividade em sua plataforma. A estratégia agora parece clara: menos AAA, mais acessibilidade. Jogos mais leves, rápidos, disponíveis direto no app da Netflix e mirando um público que não liga muito pra potência de hardware ou gráficos ultra realistas.

A Netflix ainda quer espaço nos games. Só não quer competir no mesmo campo que Sony, Microsoft ou Nintendo.