Artigos Destaque Notícias

Assassin’s Creed Shadows, The Witcher 4 e como as fake news controlam as narrativas

Compartilhar:

Acredito que não seja surpresa para ninguém que vivemos diariamente, na internet, uma frequente dualidade: Guerra de consoles, “wokes” e “anti-wokes”, fanboy de empresas e hater de empresas. No meio de tudo isso, somos bombardeados por informações de todos os lados, muitas delas, fake News. E controla a narrativa quem é mais barulhento.

Recentemente, tivemos a apresentação de uma tech demo da Unreal Engine 5, usando o jogo The Witcher 4 para mostrar as novas tecnologias que estão sendo incorporadas na engine. O apresentador deixou claro que se tratava de uma tech demo, a apresentação continha em letras miúdas “not actual gameplay” (Que significa não se tratar de uma jogabilidade real), e mesmo assim, assim que acabou a apresentação, já estava sendo noticiado aos quatro cantos que havia saído o primeiro gameplay do novo jogo da saga The Witcher. 

Percebam, eu não estou aqui para defender a CD Projekt Red e todas as enganações que eles fizeram com The Witcher 3 e Cyberpunk 2077. Longe disso! Mas sejamos realistas: Eles não mentiram ou enganaram ninguém com essa apresentação. E por conta das notícias falsas, mesmo a CD Projekt Red divulgando em uma entrevista que realmente se tratava de uma tech demo e não do jogo real, uma boa parcela de jogadores se sentiu enganada mais uma vez, culpando a empresa de lesar os espectadores, quando na verdade, foram os criadores de conteúdo que espalharam uma informação falsa e inflamaram a base de jogadores.

O mesmo movimento aconteceu com Assassin’s Creed Shadows, o mais novo jogo da franquia mais famosa da Ubisoft. Esse jogo tinha como objetivo salvar a Ubisoft da falência, custando cerca de 250 milhões de dólares, o jogo precisa vender cerca de 7 milhões de unidades para se pagar, segundo analistas. Nesse caso, precisamos nos aprofundar um pouco mais para entender melhor a situação como um todo. 

A Ubisoft vinha numa sequência absurda de fracassos: Skull and Bones, Xdefiant, Avatar, Star Wars Outlaws, adiamento de Prince of Persia Remake, Prince of Persia Lost Crown (Apesar de ser um excelente jogo, vendeu mal). Ou seja, além de AC Shadows se pagar, ele precisava pagar o rombo dos outros fracassos da Ubisoft, para só assim, salvar a empresa do colapso total. Independente das metas absurdas, Assassin’s Creed Shadows foi um sucesso de vendas, segundo analistas como o Circana e o Investing.com, vendendo quase 3 milhões de unidades em apenas 1 semana e sendo o segundo jogo mais vendido do ano nos EUA, até junho, perdendo apenas para Monster Hunter Wilds. 

As notícias que se espalharam sobre o jogo, por outro lado, não foram favoráveis. No boca a boca, o jogo foi um fracasso, flopou. Tudo por conta dos números de jogadores da Steam, que não bateram outros jogos grandes da plataforma e, principalmente, por causa do “não uso” de número de vendas por parte da empresa. Agora, vamos aos fatos: Os números de jogadores da franquia Assassin’s Creed nunca foram absurdamente altos na steam. Até mesmo o famosíssimo AC Odyssey foi superado por Shadows, mesmo esse último estando no serviço de assinatura da Ubisoft, o Ubi+, o que nos leva ao outro fato: Justamente pelo jogo estar em um serviço, que é divulgado número de jogadores e não o número de vendas. E mais, a Ubisoft não tem o costume de divulgar o número de vendas, de jogo nenhum deles, antes da reunião de acionistas. Outro fato que as pessoas, no geral, ignoram é de que Shadows é o segundo jogo mais vendido (no mesmo período) da franquia. Quem ocupa o primeiro lugar é AC Valhalla, que foi lançado em um momento atípico e quebrou recordes. A própria Ubisoft, em entrevista, falou que não compara Valhalla com os outros jogos, pois foi lançado em situações muito adversas (pandemia, final de ano, etc.). Resumindo, o jogo vendeu bem, foi um sucesso dentro da franquia Assassin’s Creed, ajudou a empresa a não falir de vez, mas não o suficiente para tirar completamente a Ubisoft do buraco. 

Existem vários outros jogos que foram ou são vítimas dessas fake News, e que acabam ditando a narrativa num geral. Dragon Age Veilguard sofreu com isso, Doom The Dark Ages também vem sofrendo e muitos outros. Infelizmente, uma minoria barulhenta prefere se apegar a motivos fúteis e esquece do que realmente se trata jogar vídeo game: A diversão. Não são notas, vendas, pronomes ou gráficos que vão ditar se um jogo é divertido ou não, pensem nisso.

Colaborador
Me chamo Victor Kim, tenho 31 anos, sou Psicólogo e apaixonado por games. Com gosto eclético, jogo desde um metroidvania até um futebol eletrônico. Obviamente, tenho minhas preferências como The Witcher 3, Metroid Zero Mission, Castlevania Curse of Darkness e Batman Arkham City. Na minha infância tive apenas um console, o PS1, mas pude jogar em outros consoles na casa de um amigo. No entanto, na adolescência, adquiri um PC Gamer, no qual pude jogar vários clássicos, como a trilogia Prince of Persia, GTA Vice City, Half Life e outros.

3 Comments

  • Dhiego 6 de junho de 2025

    Texto muito bem escrito.. Uma bom tópico para discussão. .

  • Sabzinhos 6 de junho de 2025

    Artigo muito bom e esclarecedor, realmente jogar vídeo game é se divertir, parabéns ao autor do artigo.

  • Cleberson 6 de junho de 2025

    De fato, quem dita o quão divertido é o game, é a pessoa que esta se divertindo com ele

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *