Um capítulo que abraça a cultura japonesa e o grotesco, mas tropeça em combate e limitações que deixam a experiência irregular.
Silent Hill F, uma das maiores franquias do gênero survival horror e da história dos videogames como um todo, teve mais um título lançado no dia 25 de setembro, após treze anos de hiato, sendo este o nono jogo da série. O game foi desenvolvido pelo estúdio NeoBards e publicado pela Konami.
O jogo se passa na cidade fictícia de Ebisugaoka, no Japão da década de 60, onde acompanhamos Shimizu Hinako, uma adolescente, estudante do ensino médio e campeã juvenil de atletismo, que, apesar de aparentar uma vida normal, vive em um lar destruído pela opressão autoritária, pelo alcoolismo e pelo abuso do pai, além da submissão e negligência da mãe. Diante das brigas e dos abusos constantes dentro de casa, Hinako decide se afastar do local, mas se depara com a cidade praticamente vazia e tomada pela neblina, onde deverá explorar, encontrar respostas e, principalmente, sobreviver a situações que beiram o grotesco e o bizarro.


História e narrativa:
Hinako é uma jovem em conflito, tanto com a família e a sociedade — baseada em um sistema onde as mulheres quase não tinham direitos — quanto consigo mesma, vivendo diariamente com insegurança, raiva e dúvidas. Além disso, sofre de constantes dores de cabeça, que enfrenta com a ajuda de seu melhor amigo de infância, Shu, um garoto com talentos medicinais herdados da família. Ela também conta com as amigas Rinko e Sakuko. Na trama, testemunhamos conflitos sociais, emocionais, familiares e afetivos tomarem forma como situações de perigo, em meio a criaturas grotescas, muitas delas fruto das lendas e crenças nas quais a cidade acredita fortemente.
Assim como os outros títulos da série, Silent Hill F também conta com uma música original, novamente composta por Akira Yamaoka, um dos principais nomes da Konami, que neste jogo criou uma das trilhas mais bonitas e, talvez, mais tristes de toda a franquia. Além disso, os barulhos, sussurros e lamentos nos ambientes explorados são muito bem trabalhados. Recomendo fortemente jogar com fones de ouvido para uma experiência mais completa nesse aspecto.



Gráficos:
O jogo nos apresenta um ambiente em transformação, onde uma cidade rural começa a vivenciar os primeiros passos da modernização, mas ainda se agarra a tradições e costumes de tempos feudais. Isso é muito bem retratado em todo o mapa, com cenários que variam de templos antigos a escolas e pequenos comércios, além do contraste entre o rural e o urbano. Diferente dos títulos anteriores, Silent Hill F traz um universo sobrenatural que aposta no “belo”, porém de uma forma que causa, no mínimo, estranheza, como flores brotando de cistos e cadáveres, por exemplo.
Tudo isso é realçado por uma iluminação marcante: desde a luz natural e o brilho do luar até tochas e velas espalhadas em templos, além da escuridão de becos e vielas, transmitindo desconforto e cautela ao jogador. O jogo conta com os modos gráficos “qualidade” e “desempenho”. Joguei no modo desempenho, no Xbox Series X, em 60 FPS, e não tive problemas em nenhum momento.



Jogabilidade e controles:
O aspecto que deve dividir opiniões por um bom tempo é que, apesar do mapa relativamente amplo, a personagem é um tanto “limitada”. O sistema de mundo semiaberto faz com que o jogador precise refazer algumas rotas com frequência, enquanto certas áreas praticamente não ficam acessíveis, pelo menos na primeira jogatina.
Outro ponto, alvo de críticas de parte dos fãs, é o combate, nitidamente inspirado no gênero action RPG soulslike, mas com limitações e um sistema punitivo que pode frustrar muitos, especialmente em lutas contra inimigos mais fortes e chefes principais. Na minha visão, o combate em Silent Hill F chega a ser incoerente em certos aspectos, como o fato de Hinako, que na própria história é apresentada como atleta e campeã juvenil, possuir uma barra de estamina que se esgota em segundos, dependendo da ação realizada, e que leva quase o triplo de tempo para se regenerar. Isso frequentemente resulta em situações em que o jogador pode morrer simplesmente por não conseguir executar uma ação, já que o vigor não se recupera a tempo.
O jogo traz algumas armas brancas, como facas, foices e canos de ferro, além de duas armas exclusivas do plano sobrenatural, que não podem ser utilizadas no plano terreno. Armas de fogo estão totalmente ausentes durante toda a campanha. Já os controles, apesar de algumas limitações tanto no combate quanto na exploração, respondem bem e são de fácil compreensão.
Fator diversão:
Terminei o jogo em 37 horas, jogando no modo de dificuldade Hard (ação e exploração) e Very Hard (puzzles). No geral, só encontrei dificuldade em uma ou duas situações durante toda a campanha, principalmente em duas batalhas contra chefes e em um puzzle específico. Vale lembrar que o jogo conta com três níveis de dificuldade, tanto para a ação quanto para os puzzles.
Silent Hill F possui cinco finais distintos: o primeiro é obrigatório na jogatina inicial, enquanto os outros quatro só podem ser obtidos a cada New Game Plus concluído, trazendo mudanças na exploração, nos puzzles e em alguns combates. O 100% das conquistas/troféus pode ser alcançado entre 50 e 60 horas de jogo.
O meu veredito:
Enfim, Silent Hill F representa uma nova visão da Konami para a franquia, como os próprios desenvolvedores da publisher já haviam anunciado anos atrás, trazendo a história para o lado oriental, com seus costumes, tradições e cultura, mas ainda preservando alguns resquícios dos títulos anteriores da saga. Entre erros e acertos, é uma proposta diferente que, particularmente, considerei bem-vinda, mesmo sendo fã da fórmula tradicional dos jogos anteriores.


Essa análise contou com o apoio da Vslandia Games, a maior loja de jogos em mídias digitais do Brasil.
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Nota: 🔥🔥🔥🔥🧯
Silent Hill f está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.
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