Com sistema criativo, combate inteligente e ambientação impecável no Switch 2, novo Zelda entrega uma das experiências mais frescas da franquia em anos
Jogo Zelda desde criança. O Ocarina of Time foi meu primeiro contato com a série, lá na década de 90, e mesmo sem ter jogado todos, a grande maioria eu não deixei passar. Então quando vi que a Zelda finalmente teria o protagonismo, jogando como uma maga conjuradora de inimigos e objetos, fui com expectativa alta, e felizmente o jogo entrega.
Joguei o game meses depois do lançamento, já no Switch 2, com as atualizações gráficas e de desempenho aplicadas. O game estava lindo, rodando a 60 FPS cravados, sem nenhuma queda. Isso fez toda a diferença.
Ecos, Cetro do Tri e Modo Espadachim




O sistema central da gameplay é o Cetro do Tri, que permite a Zelda criar até 127 ecos, que variam desde objetos do cenário até inimigos. Cada um tem um custo que a fada Tri gerencia com os triângulos de energia. Dá pra montar escadas com camas, usar jatos de água, invocar Moblins, o que você quiser. Também tem a mecânica Sincronizar, que sincroniza a Zelda com o objeto vinculado, útil pra mover plataformas, subir em paredes ou resolver puzzles simultâneos.
A Zelda também pode usar espada do Link, com o modo Espadachim, temporário e com consumo de energia. Você precisa recarregar essa energia no Mundo Inerte, então não é algo pra usar toda hora.
Esse conjunto todo gera uma jogabilidade híbrida, com combate e puzzle ao mesmo tempo. É possível enfrentar inimigos usando ecos de monstros ou resolver uma sala inteira com uma pilha bem encaixada de camas, blocos e trampolins. A liberdade que o sistema oferece é real, e viciante.
Estrutura e design do mundo

A estrutura lembra Link’s Awakening, mas com mais profundidade. A câmera é top-down, com variações verticais, e o mapa é bem vivo. O grande diferencial é o Mundo Inerte, áreas de Hyrule congeladas no tempo, que você acessa por fendas. Cada fenda tem uma masmorra e as maiores tem um chefe que precisa ser derrotado para restaurar aquele pedaço do mundo.
Antes mesmo de focar nas missões principais, eu explorei tudo. Liberei o mapa todo e coletei os melhores ecos. Isso me deu mais liberdade para enfrentar inimigos e passar por puzzles com mais eficiência, talvez até tenha terminado o jogo mais rápido do que deveria por causa disso. Mas foi minha escolha, e o jogo permite esse tipo de abordagem.
Puzzles, ecos e criatividade

O jogo não entrega ferramentas em sequência como nos Zeldas clássicos. Ele te dá Cetro do Tri e te solta no mundo. A graça tá em descobrir como combinar ecos. Um trampolim com uma mesa em cima pode virar atalho para terminar uma masmorra mais rápido. Um fantasma pode acionar um botão distante. E por aí vai.
Eu li que muitas pessoas reclamaram que o jogo fica fácil demais depois que você domina uma combinação eficiente, mas aí entra a liberdade. Ele te recompensa por pensar criativamente e aplicar o que funciona. Não achei repetitivo. Pelo contrário: é um sistema que te dá liberdade.
Performance e interface

A versão original no Switch padrão sofre com quedas de frame, em áreas mais abertas ou combates intensos, chega a 30 FPS. Mas no Switch 2, com o update, o jogo rodou liso o tempo todo pra mim, sem engasgos. E com esse visual todo detalhado, isso pesa bastante na experiência.
O único ponto que realmente incomoda é o menu de ecos. Com mais de 100 itens disponíveis, navegar por uma linha horizontal sem filtros é lento e trava o ritmo. Isso deveria ser melhor organizado, mesmo podendo favoritar os melhores ecos.
Ambientação





O visual segue aquele estilo diorama que veio de Link’s Awakening, mas mais rico. Vegetação animada, reflexos na água, sombras com volume. No Switch 2, tudo isso aparece com clareza e zero travamento. Acredite, o jogo é lindo no Switch 2.
A trilha sonora mistura temas nostálgicos, algumas passagens remetem a Zelda’s Lullaby do Ocarina of Time, com novas composições suaves, que acompanham bem o clima de cada região.
Duração e conteúdo

A maioria das pessoas leva entre 25 e 35 horas pra fechar tudo. Eu fiquei nessa faixa também, fazendo praticamente tudo o que achei. As sidequests são muito boas, e vale mencionar uma das minhas preferidas: a da roupa de gato, que permite conversar com gatos pelo mapa. É um detalhe pequeno, mas dá personalidade e faz o mundo parecer vivo de verdade. E acredite, os gatos respondem como… gatos.
No geral, é um Zelda top-down mais longo que os anteriores, mas sem enrolação. A progressão é direta, mas não te prende numa rota fixa.
História e construção de mundo

A trama é centrada na invasão do Nulo e nas fendas temporais. Zelda precisa restaurar Hyrule e enfrentar uma versão corrompida de si mesma. O jogo lida com identidade, poder e origem do mal, de forma leve, mas eficiente. É bom ver uma protagonista mulher salvando o herói, sem discurso forçado. Ambos são poderosos, com funções diferentes bem definidas dentro de seus gêneros.
A Zelda é uma maga de verdade aqui, e esse é um caminho que a franquia devia explorar mais. Ela cria, combina, resolve. Não depende de força bruta. É um protagonismo diferente, mas que combina com ela.
As masmorras também reforçam essa proposta. Elas têm identidade, mas são mais acessíveis, sem aquele peso de quebra-cabeças complexos demais. Não é negativo, apenas um estilo mais direto, compatível com a proposta do jogo.
O meu veredito
No Switch 2, Echoes of Wisdom é um Zelda redondo, fluido e diferente, mas no melhor sentido. A Zelda finalmente toma o controle, com uma gameplay inteligente, criativa e que valoriza a experimentação. Os puzzles são acessíveis, mas cheios de possibilidades. O sistema de ecos é genial, apesar da interface bagunçada. E o jogo tem alma: das masmorras às sidequests, tudo carrega um pouco da nova Zelda.
Não é só um jogo bom. É um jogo que mostra que a série ainda tem muito o que explorar, principalmente se a Zelda continuar no centro.
Nota: 🔥🔥🔥🔥🔥 (5/5)