Em entrevista, japonês aponta estagnação na indústria e diz que AAA atuais são “seguros e entediantes”.
Hideo Kojima, um dos nomes mais influentes dos games, voltou a demonstrar frustração com o rumo da indústria. Em entrevista ao varejista de moda canadense SSENSE, o criador do Metal Gear e Death Stranding criticou a falta de originalidade dos jogos de grande orçamento e afirmou que busca inspiração fora dos padrões tradicionais.
Comentando sobre a recente apresentação da Summer Game Fest, Kojima afirmou:
“Enquanto assistia à apresentação principal, senti que todos os jogos envolviam o jogador lutando contra alienígenas ou monstros medievais.”
“Até os visuais e os sistemas são praticamente os mesmos. Muitas pessoas gostam disso, eu entendo, mas é importante colocar algo realmente novo na indústria.”
Segundo ele, os jogos independentes são hoje mais interessantes do que os grandes lançamentos.
“Os blockbusters são seguros e entediantes.”
Quando perguntado se jogaria o remake de Metal Gear Solid 3: Snake Eater, produzido pela Konami, empresa da qual se afastou em 2015, Kojima apenas riu e respondeu:
“Não, eu não vou.”
Ele também contou que foi chamado para aconselhar um estúdio no desenvolvimento de um novo jogo de stealth, mas se disse decepcionado:
“Fiquei desapontado com o que vi.”
Kojima aproveitou para criticar os desenvolvedores de jogos militares, afirmando que muitos deles sequer conhecem o básico do que estão retratando:
“As pessoas que fazem jogos militares provavelmente não sabem como desmontar ou atirar com uma arma. Isso é meio triste.”
Ao ser questionado se ele próprio sabia, a resposta foi direta:
“Sim, porque tenho feito esse treinamento também. E aprendi muitas maneiras de matar pessoas.”
Mas as ideias mais ousadas de Kojima seguem em outra direção. Durante o Sydney Film Festival, no início do mês, ele revelou um novo objetivo:
“Quero treinar adequadamente, aprender a fazer acoplamento, ir para a Estação Espacial Internacional e ficar lá por alguns meses.”
“Não sou cientista, mas provavelmente conseguiria fazer jogos no espaço. Quero ser o primeiro. Há muitos astronautas com mais de 60 anos, então acho que é possível.”
A fala resume bem o momento atual do diretor: desinteressado pelo convencional, cético em relação aos moldes da indústria e cada vez mais inclinado a fazer o diferente. Será que teremos um Kojinauta em breve?