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Clair Obscur: Expedition 33 é a resposta que a indústria precisava

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Clair Obscur: Expedition 33 não é só mais um RPG que deu certo. É um daqueles jogos raros que parece ter sido pensado com calma, cuidado e uma visão muito clara do que queria ser. E isso começa pelo nome. Em francês, clair obscur significa “crepúsculo”, mas o que ele carrega vai muito além da tradução literal. A ideia vem de chiaroscuro, termo italiano usado nas belas-artes pra descrever o contraste entre luz e sombra. E isso não é só um detalhe bonito jogado no título pra parecer sofisticado. Esse conceito está no coração do jogo, tanto no visual quanto na história.
O mundo do Expedition 33 é literalmente tratado como uma pintura. Os personagens falam como se vivessem dentro de uma tela, há molduras espalhadas pelo mapa, e a figura da Pintora serve como a metáfora central de toda a narrativa. A estética não está ali pra impressionar, ela faz parte da linguagem do jogo, o mundo fala com você. E pra quem diz que título de jogo não importa, Expedition 33 prova o contrário. Cada elemento foi escolhido com intenção, e isso fica claro desde os primeiros minutos onde o game entrega uma vibe estilo Jogos Vorazes.

No meu caso, o momento em que o jogo realmente clicou foi por causa da trilha sonora. Antes mesmo de eu entender direito as mecânicas, os personagens ou os sistemas, a música já tinha feito o trabalho de me fisgar. São mais de oito horas de trilha original composta por Lorien Testard, um nome que até outro dia estava postando música no SoundCloud e dando aula de guitarra. O cara fazia uma faixa por semana, só pra treinar, e jogava em fóruns obscuros de jogos indie. Foi num desses posts que o Guillaume Broche, diretor do jogo, encontrou ele e chamou pra fazer parte do projeto.

Testard compôs mais de 150 faixas pro jogo. Cada personagem tem seu próprio tema. Cada área tem sua atmosfera. Cada chefe tem um arranjo próprio. E o mais impressionante é que tudo isso conversa com a história. A música é parte ativa da narrativa, não só um fundo bonito. Em alguns momentos ela emociona, em outros ela te deixa tenso ou empolgado. De verdade. Se tem um novo Nobuo Uematsu surgindo por aí, é esse cara. E com razão a trilha vai ganhar versão em vinil, porque é daquelas que a gente ouve fora do jogo sem precisar de contexto.
Uma das faixas mais marcantes é “Alicia”, que toca enquanto você explora o continente. E honestamente, se a orquestra do The Game Awards não tocar isso ao vivo no final do ano, alguém vai estar errando feio.

Outro ponto que precisa ser elogiado é o elenco. A Sandfall investiu pesado em dubladores conhecidos na língua inglesa. Não é só pra ter o Andy Serkis estampado no trailer. É pra entregar personagens com alma. E nesse ponto, o casting foi certeiro. Inclusive o Gustave, parece o Robert Pattinson em uma versão melancólica, mas é dublado por ninguém menos que o Charlie Cox, o Demolidor da Marvel. E funciona. O cara entregou demais.
Elenco principal:
Charlie Cox – Gustave Ator britânico mais conhecido por viver o Demolidor no universo Marvel. Também atuou em Kin e A Teoria de Tudo.

Jennifer English – Maelle Dublou Latenna em Elden Ring, mas virou estrela como Shadowheart em Baldur’s Gate 3. Aqui, dá voz à adolescente Maelle.

Ben Starr – Verso Ficou conhecido como Clive em Final Fantasy XVI e também é a voz do Jimbo em Balatro. No jogo, interpreta o misterioso Verso.

Kirsty Rider – Lune Começou em Space Pirates e depois apareceu em Call the Midwife e The Sandman. Em Sifu, foi Kuroki. Aqui, é a maga da expedição.

Shala Nyx – Sciel Com voz em Cyberpunk 2077: Phantom Liberty, Diablo IV, Metaphor: ReFantazio, e Baldur’s Gate 3, ela interpreta a fazendeira otimista que se junta ao grupo.

Andy Serkis – Renoir O mais famoso da lista. Gollum, César, Alfred e Snoke, todo mundo já ouviu essa voz. Aqui, ele entrega mais uma atuação marcante.

Rich Keeble – Monoco Com voz profunda, aparece em Wuthering Waves, Split Fiction, New World, além de atuar em Kaos, The Change e Meet the Richardsons.

Maxence Cazorla – Esquie Além de dublar Esquie, também fez a captura de movimento da Verso. Atua em curtas, teatro e produções francesas como Instructions for a Living.

Muita gente do time principal da Sandfall veio da Ubisoft. O próprio diretor do jogo, o Guillaume Broche, e outros desenvolvedores já trabalharam lá antes de fundar o estúdio. Saíram em busca de mais liberdade criativa, e o Expedition 33 é justamente o resultado disso. Enquanto a Ubisoft continua presa em fórmulas repetidas, esses ex-funcionários resolveram fazer algo com personalidade, e conseguiram, já que acabaram de lançar um dos RPGs mais elogiados da geração.
Fica cada vez mais claro que os “vilões” da indústria não são os desenvolvedores, e sim os executivos corporativistas que travam qualquer tentativa de fazer algo diferente. Quando esses devs têm liberdade, como no caso da Sandfall formada por ex-Ubisoft, o resultado é esse tipo de jogo: autoral, bem dirigido e com mais alma e qualidade do que muito AAA por aí. A verdade é que boa parte dos melhores jogos dos últimos anos vieram de times pequenos, exaustos das amarras das grandes empresas, que decidiram criar do jeito deles. E está funcionando.
E agora, com o GTA 6 oficialmente fora de 2025, o caminho pro GOTY ficou mais claro. Clair Obscur: Expedition 33 não só entra na conversa como tem chances reais. Se não for indicado, vai ser por covardia, não por falta de qualidade. Porque jogo com esse nível de intenção, execução e personalidade não aparece todo ano.
Clair Obscur: Expedition 33 está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.

Idealizador e Produtor de Conteúdo
Olá, eu sou o Johann, mas pode me chamar de Heroutz. Sou um criador de histórias apaixonado por games, especialmente Pokémon, Zelda e RPGs de turno. Essa paixão pelos games é uma herança de família, que recebi do meu pai e hoje compartilho com a minha filha. Acredito que os jogos contam as melhores histórias da nossa geração e, quando não estou pensando em alguma teoria, provavelmente estou em Destiny 2, questionando as decisões da Bungie.

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